Dez trabalhadores de restaurante argentino em Porto Alegre são resgatados de condições análogas à escravidão, diz MTE
14/08/2025
(Foto: Reprodução) Saiba o que é trabalho escravo
Dez trabalhadores de um restaurante argentino localizado no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, foram resgatados de condições análogas à escravidão. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são seis mulheres e quatro homens, com idades entre 19 e 37 anos. A ação contou com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT). O resgate aconteceu no dia 8 de agosto, e foi divulgado na quarta-feira (13).
As autoridades não divulgaram o nome do estabelecimento, mas o g1 apurou que trata-se do Club da Milanesa - Resto & Bar. Em nota, a empresa alegou que as denúncia é falsa e mal-intencionada e que as informações teriam sido "promovidas por ex-colaboradores e reproduzidas por alguns funcionários do Ministério Público do Trabalho". Confira a nota do estabelecimento na íntegra abaixo.
Conforme a equipe de fiscalização, seis dos trabalhadores resgatados são bolivianos, e os outros quatro têm nacionalidade argentina.
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Segundo o MTE, os trabalhadores bolivianos estavam alojados em um imóvel no bairro Azenha em condições precárias de conservação. Não havia chuveiro no banheiro nem lâmpadas nos cômodos. A água da chuva entrava no local.
"Sem chuveiro no banheiro ou mobiliário básico: não havia camas para todos, roupas de cama e cobertores suficientes, armários, geladeira, fogão ou micro-ondas, mesa com cadeiras ou utensílios para preparo e consumo de refeições", afirma o Ministério.
De acordo com o MTE, os bolivianos foram recrutados em Santa Cruz de La Sierra com a promessa de salário de 4 mil bolivianos (cerca de R$ 3,1 mil), jornada de 8h diárias, registro em carteira, alojamento adequado, alimentação e transporte.
"No entanto, ao chegarem a Porto Alegre, encontraram outra realidade, com alojamento precário, refeições não fornecidas integralmente, salários de R$ 1,5 mil já com desconto das passagens da Bolívia até Porto Alegre — que inicialmente seriam custeadas pelo empregador —, jornadas que chegavam a 15 horas em pelo menos três dias da semana, ausência de pagamento de horas extras e inexistência de vale-transporte", acrescenta.
Com relação aos trabalhadores argentinos, eles foram recrutados na província de La Rioja. A fiscalização sustenta que também seriam submetidos a jornadas exaustivas e não recebiam pagamento de horas extras e demais direitos trabalhistas. Segundo o MTE, eles passaram pelo alojamento e tentavam arcar com os custos da locação de um outro imóvel na capital.
Os trabalhadores bolivianos foram retirados do alojamento e levados para um hotel, custeado pelo empregador. Na segunda-feira (11), retornaram ao país natal. Dois argentinos ficaram no Brasil e outros dois viajaram para a Bolívia. O MTE afirma que eles receberão seguro-desemprego do trabalhador resgatado.
O empregador foi notificado a regularizar os vínculos de trabalho, efetuar o pagamento das verbas rescisórias e garantir o retorno dos trabalhadores à cidade de origem.
O que diz o restaurante
No Club da Milanesa, lamentamos profundamente a divulgação de informações falsas e mal-intencionadas, promovidas por ex-colaboradores e reproduzidas por alguns funcionários do Ministério Público do Trabalho.
Estamos preparando uma resposta documentada e verificável, que deixará evidente a total ausência de fundamentos desta operação.
Em breve, a verdade virá à tona e cada parte ficará no lugar que lhe corresponde. Pedimos que acompanhem as novidades. Não vamos ser dobrados por mentiras: a verdade prevalecerá.
Dez trabalhadores de restaurante argentino em Porto Alegre são resgatados de condições análogas à escravidão
Divulgação/MTE
Como denunciar
⚠️ Existe um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão: é o Sistema Ipê, disponível pela internet. O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações no local.
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