Ponto a ponto: o que impede o Comando Vermelho no RS? Entenda

  • 08/11/2025
(Foto: Reprodução)
Entenda por que o RS é um dos únicos estados do Brasil sem atuação do Comando Vermelho Apesar de estar presente em 24 estados brasileiros, o Comando Vermelho (CV) não mantém células em penitenciárias do Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal. A ausência da facção no território gaúcho chama atenção, especialmente diante da sua ampla atuação nacional. Diante desse cenário, a reportagem ouviu especialistas em segurança pública para entender os motivos para a organização criminosa não estar no Rio Grande do Sul. A resposta envolve uma combinação de fatores históricos, culturais, geográficos e estratégicos que, juntos, ajudam a explicar por que o estado permanece fora do mapa da facção. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp O g1 separou, em ponto a ponto, os principais motivos que explicam a ausência do Comando Vermelho no estado gaúcho. Confira: 1. Facções locais já estavam organizadas O CV surgiu no final dos anos 1970. Porém, no Rio Grande do Sul, grupos criminosos locais já estavam estruturados entre os anos 1990 e 2000, especialmente dentro de presídios como o Presídio Central de Porto Alegre, que chegou a ser considerado o pior do Brasil. Segundo explicação do professor da Escola de Direito da PUCRS e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, esses grupos ocupavam o espaço do crime de forma independente, antes mesmo da expansão nacional do CV. RS teve pior prisão do país e grupo criminoso inspirado na facção carioca 2. Expansão para o interior do estado As facções gaúchas deixaram de disputar territórios na capital e passaram a dominar cidades do interior, onde o crime organizado ainda não estava presente, conforme explica o juiz Sidinei Brzuska, da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre. Essa estratégia impediu que o CV encontrasse espaço para se instalar, já que os grupos locais já estavam consolidados. "Não ficou vácuo de poder para gente de fora vir aqui ocupar”, avalia Brzuska. 3. Muitas facções atuando no RS O Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que o Rio Grande do Sul chegou a ter ao menos dez facções criminosas atuando simultaneamente. Essa grande quantidade de grupos cria uma competição, dificultando que uma facção nacional como o CV consiga se impor. De acordo com o professor Azevedo, cada facção local atua em áreas específicas, como bairros, presídios ou cidades, e mantém suas próprias redes de proteção e financiamento. 4. Cultura local como barreira O jornalista Renato Dornelles, especialista em segurança pública, destaca que há uma identidade cultural forte entre as facções gaúchas, que resistem à entrada de grupos de fora. "É uma espécie de pacto informal das facções daqui, para nenhuma ceder espaço para facção de fora. Também é uma questão cultural”, diz Dornelles. O juiz Brzuska concorda: “Nós somos um estado de forte tradição cultural, que se consolidou ao longo de séculos, e isso se reflete na organização do crime também”, comenta. 5. Negócios com o CV existem, mas sem domínio Mapa do Comando Vermelho no Brasil Reprodução/Fantástico Mesmo sem presença direta, o CV mantém relações comerciais com facções gaúchas, especialmente no fornecimento de drogas. O diretor do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke, lembra que em 2016 e 2017 houve uma escalada da violência no estado, reflexo da disputa nacional entre o CV e o PCC. No entanto, segundo Azevedo, essas relações são pontuais e comerciais, sem que o CV consiga dominar ou incorporar as facções locais. 6. Estratégias diferentes de expansão Enquanto o CV busca expandir sua presença em outros estados, as facções do RS preferem se consolidar em cidades do interior, especialmente na Região Metropolitana de Porto Alegre. Essa estratégia reduz a exposição e aproveita o crescimento do consumo local e das rotas de distribuição. Segundo Azevedo, o foco das facções gaúchas é manter o controle territorial e garantir a sustentabilidade dos negócios ilícitos, sem a necessidade de se associar a grandes facções nacionais. 7. Fatores geográficos e ação policial A Secretaria da Segurança Pública do RS aponta dois fatores que ajudam a explicar a ausência do CV: O estado tem características socioculturais próprias, que dificultam a entrada de grupos externos; O RS está geograficamente distante do centro do país e das principais rotas logísticas. Além disso, a pasta destaca a atuação firme das forças de segurança, que contribui para manter o CV fora do estado. Nota da Secretaria de Segurança Pública do RS "O Rio Grande do Sul é um estado notabilizado por características socioculturais muito peculiares. Igualmente, está distante do centro do país e de suas principais rotas logísticas de bens e serviços que, por óbvio, são utilizadas também por narcotraficantes. Esses dois fatores socioculturais e geopolíticos se somam a ação vigilante e contundente dos órgãos de segurança pública gaúchos para sinalizar as prováveis causas para a ausência de organizações criminosas como o CV e o PCC em nosso estado. Ainda assim, é importante sinalizar que a busca de uma inferência causal para a não ocorrência de um dado fenômeno é tarefa especialmente difícil e recomenda a permanente apreciação do cenário posto de modo que possamos manter o RS na vanguarda da segurança pública brasileira." VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/11/08/ponto-a-ponto-o-que-impede-o-comando-vermelho-no-rs-entenda.ghtml


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